30/09/09

Deixou cair a fita amarela aos pés, ajeitou o vestido, os cabelos, perfumou-se, pôs um pé na caixa, depois o outro. Enroscou-se no algodão como se fosse uma boneca de porcelana. Fechou os olhos e concentrou-se. Do lado de fora, a fita amarela ganhou vida, serpenteou e envolveu-se na caixa. Só mais um esforço, pensou ela, só falta dar o laço. E a fita amarela formou um laço e deixou cair as pontas soltas. “Cuidado, frágil”, lia-se.

15/09/09

Já não encontro palavras para deixar aqui como acontecia antes. Podia até dar-se o caso de andar a usá-las todas noutro sítio e de não ter de sobra para isto. Mas não, pensei e acho que não ando por aí a desperdiçar as minhas palavras. E se o stock das ditas é ilimitado, que é, mesmo que as desperdiçasse tinha sempre muitas para escrever... Isto leva-me a crer que devo ter uma fuga algures. Agora até olhei para o chão, não fosse ter deixado um carreirinho de palavras atrás de mim... Vejo ali qualquer coisa, mas acho que são formigas. Oh sou tão doce!