29/02/08

"Querida, pode ser que alguém te leve a pastar no fim-de-semana"
(a minha directora merece a homenagem)

28/02/08

sento-me no primeiro lugar que encontro vago na carruagem. Respiro fundo, olho para o relógio, não tarda muito estamos de partida. Tenho o estômago a dar horas há muitas horas. Hoje vai ser devaneio culinário, penso. “Isabel, não. Não, nunca, Isabel”. O vizinho do lado interrompe-me precisamente quando me preparava para visualizar o interior do frigorífico. Fala com a Isabel. “Isabel, por favor, ouve-me, Isabel. Não, não, Isabel, não é isso.” Não, por favor, não, penso eu, isto não vai durar a meia hora que tenho pela frente. “Isabel, deixa-me falar”. Silêncio. A Isabel não deixa o senhor falar. “Isabel”, diz ele em tom desesperado, “não desligues”. Baixa o telemóvel, olha para o visor e prime uma tecla. “Isabel… Isabel…”. Vamos recomeçar outra vez e, azar, acabaram-se-me as pilhas do mp3. “Oh Isabel, mas tu deixas-me falar?” Silêncio. “Mas, mas oh Isabel… Não, não…” Quase me encolho… e ela desligou. Não, ele não vai atrever-se, penso. Na minha cabeça, uma pequena multidão de neurónios desata a fazer apostas. “50 euros em como o tipo vai ligar outra vez!”, avança um, “70 em como não liga”, arrisca outro, “100 euros em como liga”, ouve-se lá ao fundo. É um neurónio mais baixinho e esforça-se por ser visto. Espreito para o lado pelo canto do olho. O sujeito olha para o visor. Faço sinal ao neurónio baixinho, já ganhaste, e ele esfrega as mãos de contente. O tipo prime a tecla, leva o telemóvel à orelha esquerda. “Isabel…”. Porra, inacreditável, penso. E ele continua: “Isabel, por favor, não. Não foi isso, Isabel… Isabel, não.” Apetece-me tapar os ouvidos. Melhor: apetece-me tirar o telemóvel da mão do gajo e dizer “Isabel, p-l-e-a-s-e, tu deixa o homem falar, Isabel.”

27/02/08

hoje apetece-me elogiar este blogue (porque… porque sim), e este (por tudo e mais alguma coisa), e este (porque o “totó” sabe ter piada), e este (porque a M&M é uma desbocada de primeira), e este (porque há quem tenha sentido de humor mesmo com o nariz partido), e este (porque ele tem uma imaginação fértil), e este (pelo sentido estético do respectivo dono), e este (porque, entre outras coisas, a miúda desenha mesmo bem), e este (pelo romantismo irreverente e ponto final), e este (porque, admito, sempre tive um fraquinho por rapazes maus).

22/02/08

chego, largo a mala e faço olhinhos ao sofá. “Por favor, não te sentes, estou aflito”, diz o meu cão. Sim, o meu cão sabe falar. Só comigo, note-se. Pego na chave, volto a fazer olhinhos ao sofá, saio porta fora e aí vamos nós. Na rua, ele passeia-me alegremente. Quer correr, eu não quero, mas não tenho outro remédio. Leva-me pela relva, há pouca luz e quando dou por ela pisei um cocó. “Que merda!”, penso. Penso não, acho que chego mesmo a verbalizar a expressão. Tento ver-me livre daquilo, mas ele continua a levar-me a reboque. Podia tentar aproveitar a força bruta para deslizar, mas é difícil apanhar o jeito. Quando o quatro patas me dá tréguas, desato a esfregar a bota no chão. Um vizinho passa, cumprimenta e eu, a esfregar o pé no chão, sinto-me como aqueles touros quando se preparam para investir. Rio-me para dentro. Voltamos para casa, ele na frente eu sempre atrás, e desta vez é o sofá que me faz olhinhos. “Agora esperas que primeiro vou lavar a bota!”, digo. Ele, o sofá, amua (a minha casa parece um mundo animado, pois é). Ok, amanhã prometo que enfio um saco do Pão de Açúcar em cada pé para evitar estas situações. O sofá aplaude a minha fantástica ideia, mas o cão avisa logo que não me leva à rua nessa figura.

19/02/08

hoje estou com uma destas


(Não me caiu em cima. Acordei com ela e estou com a sensação de que vai ficar comigo até... até ver.)

18/02/08

amor é...

... ter um guarda-chuva para dois ou partilhar o mesmo guarda-chuva?

14/02/08

(som de fundo, com eco: risadinha diabólica)

13/02/08

o menor conto de fadas do mundo

era uma vez um rapaz que pediu uma rapariga em casamento:
- Queres casar comigo?
- NÃO!, respondeu ela.
E o rapaz viveu feliz para sempre, foi pescar, jogou futebol, conheceu muitas raparigas, viajou muito, estava sempre com um sorriso nos lábios, de bom humor, nunca lhe faltava dinheiro, bebia cerveja com os amigos sempre que lhe apetecia e ninguém mandava nele.
A rapariga teve celulite, varizes, os peitos ficaram descaídos, o traseiro idem e acabou sozinha.
FIM.

Este conto de fadas é curtinho, mas mais credível...

06/02/08

durante duas semanas andei abraçada a ele. Deliciada, devorei-lhe as palavras, uma por uma. Por ele, perdi horas de sono, perdi até a noção do tempo (ao ponto de deixar escapar uma estação de metro, imagine-se). Só não perdi o apetite de lê-lo. Quando o tinha a meio, desejava que chegasse o fim. E ao aproximar-me do fim, quis à força fazer render o tempo. Quis fazer render mas não controlei o impulso. Já tinha a luz apagada mas, arrghh, não consegui cair no sono sem saber como terminava a história do Kafka Tamura. Está lido. E recomendo, muito.

01/02/08

sinto-me

completamente em ponto morto. O melhor é puxar o travão de mão, não vá começar a deslizar por aí abaixo...