09/12/09

Ando outra vez com aquela sensação estranha de que o Tempo foge de mim, faça eu o que fizer. Gira tão, mas tão rápido o ponteiro dos segundos que nem com anos de treino, idas ao ginásio, peso acima peso abaixo, corridas pelo parque e cigarros por fumar. Nada disto poderia alguma vez deixar-me em forma, de forma a conseguir competir com o Tempo, andar nem que fosse a par e passo. E lá vai ele, a saltitar, feliz e contente. Às vezes é-me provocador ao ponto de assobiar, de mãos atrás das costas. Espera, não vás tão rápido, digo, tentando apanhá-lo pela ponta do casaco. Ignora-me. Logo eu que sou tão dedicada ao relógio. Não saio de casa sem ele, troco-lhe a pilha, dou-lhe vida... Tudo ali certinho. E eu com tanto por viver, tanto por aprender. Será que tenho tempo para tudo? Vale-me o facto de só me lembrar disto uma vez por ano, mais ou menos por esta altura. Agora vou ali fazer o que me apetece. Sim, Tempo, que nisto não me tramas tu. Faço o que me apetece.

5 comentários:

AP disse...

Eu acho que se pensa que o tempo passa depressa porque, apesar de pensarmos que fazemos aquilo que nos apetece, na realidade não fazemos e por isso é que se dá tanto valor ao tempo. De qualquer das formas, tenho as minhas serias duvidas que o tempo seja infinito como dizem. O que deve haver é muitos e diferentes tempos, que nascem, vivem e morrem, sem se dar por ela. Só assim se justifica, de quando em vez, ouvir alguém dizer. "No meu tempo é que era", ou "Oh pá, isso eram outros tempos". ;)

Jorge disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jorge disse...

poderia ser assim:

"... ando outra vez com aquela sensação estranha que foges de mim, Tempo, faça eu o que fizer, tão gira. Nem com idas ao ginásio, peso abaixo, peso acima ou qualquer outra correria, poderias, tu, Tempo, competir comigo, a saltitar, feliz e contente. Espera, não fujas, assobias e foges, provocas-me. Mas sabes, relogiozinho de ponteiros frenéticos, eu só faço o que me apetece e, para me apanhares, ainda tens que dar muitas voltas a esse teu mostradorzito com que rodopias a vida!"

:) Feliz "altura do ano" em que te lembras de correrias com o tempo.

Em Bicos de Pés disse...

Elementos,
Gostei do teu texto. Mania de escrever melhor que eu... :)

Rei da Lã disse...

Prefiro bagaço caseiro!